Resposta originalmente postada no Quora, por Renato de Pìerri em 28/07/2019
Personagens Clássicos
Por que contamos histórias? A motivação de contarmos histórias, segundo Carl Jung, pode ser explicada a partir da noção do inconsciente coletivo. Trata-se de um conhecimento nato que podemos passar a vida inteira sem nunca o notarmos.
Dentro desse inconsciente coletivo há temas universais e personagens que se manifestam em nossa cultura na forma de histórias e estão presentes na literatura, música, arte, filme e jogos.
O inconsciente coletivo do Jung é a base de nossa conexão a certos tipos de personagens universais e esses personagens são utilizados em toda a área do entretenimento para aumentar a conexão entre a audiência e a história.
Herói:
O herói é o personagem central em um jogo single player. Ao criar um personagem herói, tenha em mente que esse herói será o avatar do jogador e o jogador deve se identificar e gostar desse personagem. Ao herói sempre é apresentado um problema no início do jogo e ele entra em uma jornada, física ou emocional, a fim de resolver o desafio. O herói executa a maioria das ações e assume a maioria dos riscos e responsabilidades. Luke Skywalker é um tipo clássico de personagem herói
Fonte da foto: Star Wars Luke Skywalker Wallpaper
Sombra (Shadow):
O sombra é um personagem extremamente importante. Ele representa o oposto do herói, é o vilão da história. Trata-se do responsável por todos os problemas do herói. Dependendo do jogo, esse personagem fica escondido até chegar ao climax da história e nada impede que o shadow seja o lado negro do herói. Darth Vader, por exemplo.
Fonte da foto: Darth Vader Wallpaper
Mentor:
O mentor orienta o heroi dentro da trama da história (ou jogo). Provê informações para o herói, faz a função de conselheiro e pode orientar pois tem experiência prévia. Obi Wan Kenobi e Yoda são exemplos de mentores. Ah! O mentor também pode dar orientações furadas e colocar o herói em apuros.
Fonte da foto: Yoda Walpaper
Aliado:
O aliado é um personagem que ajuda na evolução do heroi durante a jornada e pode ajudá-lo em tarefas difíceis de se executar sozinho. Han Solo e Chewbacca do Star Wars são exemplos de aliados.
Guardião:
O guardião está lá para “atrapalhar” o progresso do herói se valendo de todas as artimanhas que forem necessárias, até que o herói prove seu valor e o guardião o libere. Podemos considerar um guardião clássico a Esfinge que guarda os portões de Tebas na peça grega Édipo. A Esfinge (guardiã) testa o Édipo (herói), propondo uma charada. Édipo a responde corretamente e consegue entrar em Tebas continuando sua jornada, caso contrário seria devorado.
Trickster (trambiqueiro):
O trambiqueiro é um personagem neutro que está lá para enganar. Pode causar um dano severo por conta de suas pegadinhas, interrompendo a evolução do personagem ou podem ser um personagem cômico para suavizar a trama da história. C3PO E R2D2 são exemplos de personagens trickster e podem assumir a posição de co-adjuvante do heroi ou até assumir o papel de sombra.
Herald (mensageiro):
O mensageiro serve para facilitar a mudança de rumo (ou de level) na história e fornecer orientação. Um exemplo de personagem ‘herald’ seria a princesa Leia que pede por ajuda e acaba motivando Luke Skywalker a seguir sua jornada.
Protagonista:
Dentro dos arquétipos de Carl Jung, o primeiro deles é o protagonista, que pode se confundir com o arquétipo do herói. Trata-se do personagem principal. Jogos single-player são centrados nesse personagem e a história do jogo é contada a partir do ponto de vista do dese personagem, mesmo que o jogo não seja em primeira pessoa. Gordon Freeman em Half-Live, por exemplo.
Fonte da foto: Half Life 2
Uma das funções do protagonista é levar a história adiante, agir antes de reagir e fazer as coisas acontecerem. O protagonista pode até perder o controle por conta de um ataque, mas ele sempre recupera o controle da situação. Lara Croft (Tomb Raider) e Ezio Auditore da Firenze (Assasin’s Creed II) são protagonistas.
Outro ponto importante no protagonista é que ele tenha falhas como qualquer humano, aproximando-o de sua audiência e gerando empatia. As falhas podem ser na forma física como uma paralisia, ser feio, ter culpa por um crime cometido no passado ou ser como o Super Homem que não aguenta nem uma Kriptonita.
Antagonista:
É o contrário do herói. É o vilão do jogo. Do ponto de vista do Jung seria o arquétipo do sombra, porém nem sempre o antagonista é malvado. O pró e o antagonista podem simplesmente ter pontos de vista diferentes como liberal x conservador, privado x público ou mesmo estilo de vida diferentes entre um e outro.
Caso protagonista e antagonista tenham um mesmo objetivo em uma história, eles podem se aliar, o que é chamado de união de opostos, dado que a resolução de um determinado conflito é mais importante no momento.
Co-Protagonista:
Co-Protagonista une forças com o protagonista na história. Muitas vezes esses personagens aparecem em games multiplayer massivos (MMOs) que precisam de times. Esse tipo de personagem pode iniciar no jogo como antagonista, mas no decorrer do game se tornam co-protagonistas a partir de um determinado evento ou embate.
Fonte:
NOVAK, Jeannie. GAME DEVELOPMENT ESSENTIALS: AN INTRODUCTION. 3. ed. United States: Delmar Cenage Learning, 2012. 514 p. ISBN 13: 978-1-111-30765-3.